A diocese de Lamego em parceria com as dioceses de Aveiro, Guarda e Viseu, inaugura dia 9 de julho, no Arquivo e Museu Diocesano de Lamego, a exposição “Diálogos. Na beleza das obras contemplamos a beleza do criador”.
A concretização desta exposição, resulta do excelente cooperativismo, comunhão e visão, conjunta, dos seus responsáveis que ocasiona a ampliação do acesso à fruição dos bens culturais da Igreja, bem como a troca de experiências e o confronto de especificidades e identidades entre o património das várias dioceses, no quadro de uma mesma Igreja.
A natureza, entendida como fruto da ação criadora de Deus, enquadra o homem na sua existência e é estruturante nas dinâmicas de obtenção de recursos para assegurar a sua sobrevivência. Trata-se da “Casa Comum”, com a qual se realizam múltiplas interações e numerosas formas de fruição por parte do homem. Da criação divina também faz parte a humanidade, que quotidianamente manuseia o que foi criado por Deus.
Artista e natureza estão necessariamente unidos. Com os materiais visíveis, provenientes da natureza, o artista dá visibilidade ao invisível, ao amor do Criador. Uma interação, que é fruto de um diálogo íntimo, próximo, entre o artista e os materiais, comunicando-lhes a sua sensibilidade humana, os seus pensamentos, a dimensão das suas experiências, a sua força anímica.
Desde os tempos primitivos que o homem manipulou os materiais da natureza para corporizar a sua capacidade inventiva e criar arte. O ato da criação humana, sustentado em reflexões sobre o que já foi criado, é também expressivo da incorporação da sua humanidade em cada obra. Com as suas mãos o artista transfigura o mundo, dá formas, cores, brilhos aos materiais, e neles plasma o inefável, a realidade mais profunda do homem, do transcendente, do mundo do espírito.
Nesta exposição protagoniza-se colocar em presença a dualidade: materiais da natureza e artista, na realização de obras de arte religiosa. Pretende-se expressar a dinâmica entre os materiais que são fruto da criação de Deus, materiais que o homem/artista vai buscar à natureza, para os transformar em peças de arte que “falam de Deus”, revestem-se de espiritualidade, e aproximam os homens de Deus. Aos materiais da natureza o artista confere um recomeço, pois através da expressão artística concede-lhe um novo significado, orientado para o anúncio e para o despoletar de afetos, de uma densidade de emoções junto do observador. A fruição estética, a contemplação da beleza das obras, é suplementada pela interação espiritual com os fiéis, para os quais é acessível a compreensão dos conteúdos intrínsecos e imagéticos.
Trata-se de uma oportunidade para possibilitar a fruição a um público muito alargado de obras que não se encontram ao culto.
O programa expositivo compreende meia centena de peças de diversas tipologias artísticas, como a pintura, a escultura, a azulejaria, a ourivesaria e a paramentaria, dos períodos medieval, moderno e contemporâneo, provocando o cruzamento de diferentes propostas estilísticas e iconográficas.
Esta exposição irá percorrer as quatro dioceses, a saber:
09 julho 2021 > 15 outubro 2021 | Diocese de Lamego > Museu Diocesano de Lamego
22 outubro 2021 > 04 fevereiro 2022 | Diocese de Aveiro > Casa da Cultura de Ílhavo
18 fevereiro 2022 > 17 junho 2022 | Diocese de Viseu > Museu da Misericórdia
24 junho 2022 > 18 outubro 2022 | Diocese da Guarda > Museu Diocesano da Guarda
Pe. Filipe Pereira, in Voz de Lamego, ano 91/34, n.º 4616, 7 de julho de 2021