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Ordenação - Homilia

VIVER A SANTIDADE DE DEUS NO MEIO DOS IRMÃOS

 

1. A Palavra de Deus, lida, escutada e saboreada, é o alimento e a bússola permanente da vida do Povo de Deus, de todos os que em algum ministério o servem, por maioria de razão, os Diáconos, os Presbíteros e os Bispos. Por isso também refere o Pontifical Romano acerca da Ordenação dos Presbíteros que o Bispo faz a homilia, dirigindo-se ao povo e aos Eleitos, falando-lhes do ministério dos presbíteros, a partir do texto das leituras lidas na liturgia da palavra. É o que vou tentar fazer, caríssimos fiéis leigos, caríssimo Eleito João Miguel Pereira, caríssimos sacerdotes e diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas, acólitos, leitores, cantores, todos servidores do povo santo de Deus, cada um segundo o dom que Deus lhe concedeu.

2. Diz então o Evangelho de hoje que Jesus saiu dali, da casa de Jairo, em Cafarnaum, onde o tínhamos deixado no Domingo passado, e dirigiu-se com os seus discípulos para a sua Pátria. Curioso que o texto diga mesmo pátria (pátris), evitando o termo habitual de povoação, lugar ou aldeia (chôra, tópos, kômê). Não se trata, portanto, na ótica do narrador, de um episódio local, acontecido numa qualquer aldeia do interior, mas de um acontecimento nacional, prolepse ou indicador do que se vai passar com Jesus, durante a sua vida inteira, no país de Israel.

3. Vem o sábado, e Jesus, judeu fiel, como todos os judeus fiéis, vai à sinagoga, escuta e canta a Palavra de Deus, e reza e ensina. A sinagoga estava cheia, e os muitos ouvintes ouviram Jesus com espanto e aplauso. Mas uma dúvida começou a germinar e a vir ao de cima: – Como podia ser, «de onde» (póthen) lhe vinha aquela sabedoria, e os prodígios que fazia?! Então, não era ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não conhecemos nós também as suas irmãs? E não deram crédito a Jesus, e rejeitaram-no! Como eu disse, este primeiro episódio de rejeição de Jesus na sua pátria é o indicador do que vai acontecer a Jesus até ao fim, até à Cruz.

4. Permiti agora, amados irmãos e irmãs no Batismo e no sacerdócio, caríssimo Eleito, que acrescente o seguinte: aqueles muitos ouvintes que, naquele sábado, foram à sinagoga para escutar a Palavra de Deus e rezar não eram gente má e renegada; eram judeus fiéis, que acreditavam em Deus, rezavam e viviam piedosamente. E é para salvar a honra e a santidade de Deus, do Deus Altíssimo, que eles rejeitam Jesus, por ser tão cá de baixo, por ter uma família como nós, por trabalhar como nós, por ser demasiado semelhante a nós!

5. Amados irmãos e irmãs, caríssimo Eleito, os judeus fiéis não sabiam, mas nós sabemos bem que Deus não anda lá muito acima das nossas cabeças, mas enviou o seu Filho ao nosso mundo, nascido de uma mulher (Gálatas 4,4), um de nós, que veio habitar no meio de nós (João 1,10-11).

6. S. Paulo, fidelíssimo judeu, de quem hoje ouvimos uma lição (2 Coríntios 12,7-10) também não sabia, e defendeu com todas as suas forças a honra do Deus Altíssimo contra a jovem “seita” de cristãos, que anunciavam que Deus tinha descido ao nosso mundo para viver no meio de nós! E é também para salvar a honra e a santidade do Deus Altíssimo que Paulo perseguiu energicamente a nova “seita” dos cristãos. Não conseguiu os seus intentos, porque foi literalmente rasteirado por Jesus, sinal de que Deus anda mesmo cá por baixo, nos nossos caminhos, também no caminho de Damasco, e Paulo, assim rasteirado, caiu de si abaixo, e foi forçado a compreender que, de facto, Deus pode muito bem andar também cá por baixo, pelos nossos caminhos enlameados, no meio das nossas dores e alegrias, no meio das nossas pandemias!

7. Paulo é fraco. Ezequiel é fraco. O João é fraco. Nós somos fracos. E não temos medo nem vergonha, porque «Deus é forte», que é o significado do nome que ostenta Ezequiel. E todos os dias diz a cada um de nós: «Basta-te a minha graça, porque Eu estou contigo!». E todos temos de aprender a dizer com Paulo e Ezequiel: «Quando eu sou fraco, então é que sou forte!» (2 Cor 12,10).

8. Amados irmãos e irmãs, caríssimo Eleito. João é o seu nome. E significa: «Deus faz graça». Basta-te a minha graça. Vive assim, meu irmão João, fazendo graça, deixando Deus fazer graça! Vive com amor, estremecimento, espanto, e emoção os sacramentos que pela graça de Deus realizarás, sobretudo a Eucaristia e a Reconciliação. Sabe sempre que Deus anda contigo no teu caminho. Debruça-te sobre as chagas do povo santo de Deus. Como Jesus, «torna-te em tudo semelhante aos teus irmãos, para poderes ser um sacerdote misericordioso e fiel nas coisas para com Deus» (Hebreus 2,17). Como diz o Pontifical Romano, «Recebe a oferenda do povo santo para a apresentares a Deus. Toma consciência do que virás a fazer; imita o que virás a realizar, e conforma a tua vida com o mistério da cruz do Senhor». Ámen.

1. A Palavra de Deus, lida, escutada e saboreada, é o alimento e a bússola permanente da vida do Povo de Deus, de todos os que em algum ministério o servem, por maioria de razão, os Diáconos, os Presbíteros e os Bispos. Por isso também refere o Pontifical Romano acerca da Ordenação dos Presbíteros que o Bispo faz a homilia, dirigindo-se ao povo e aos Eleitos, falando-lhes do ministério dos presbíteros, a partir do texto das leituras lidas na liturgia da palavra. É o que vou tentar fazer, caríssimos fiéis leigos, caríssimo Eleito João Miguel Pereira, caríssimos sacerdotes e diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas, acólitos, leitores, cantores, todos servidores do povo santo de Deus, cada um segundo o dom que Deus lhe concedeu.

2. Diz então o Evangelho de hoje que Jesus saiu dali, da casa de Jairo, em Cafarnaum, onde o tínhamos deixado no Domingo passado, e dirigiu-se com os seus discípulos para a sua Pátria. Curioso que o texto diga mesmo pátria (pátris), evitando o termo habitual de povoação, lugar ou aldeia (chôra, tópos, kômê). Não se trata, portanto, na ótica do narrador, de um episódio local, acontecido numa qualquer aldeia do interior, mas de um acontecimento nacional, prolepse ou indicador do que se vai passar com Jesus, durante a sua vida inteira, no país de Israel.

3. Vem o sábado, e Jesus, judeu fiel, como todos os judeus fiéis, vai à sinagoga, escuta e canta a Palavra de Deus, e reza e ensina. A sinagoga estava cheia, e os muitos ouvintes ouviram Jesus com espanto e aplauso. Mas uma dúvida começou a germinar e a vir ao de cima: – Como podia ser, «de onde» (póthen) lhe vinha aquela sabedoria, e os prodígios que fazia?! Então, não era ele o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não conhecemos nós também as suas irmãs? E não deram crédito a Jesus, e rejeitaram-no! Como eu disse, este primeiro episódio de rejeição de Jesus na sua pátria é o indicador do que vai acontecer a Jesus até ao fim, até à Cruz.

4. Permiti agora, amados irmãos e irmãs no Batismo e no sacerdócio, caríssimo Eleito, que acrescente o seguinte: aqueles muitos ouvintes que, naquele sábado, foram à sinagoga para escutar a Palavra de Deus e rezar não eram gente má e renegada; eram judeus fiéis, que acreditavam em Deus, rezavam e viviam piedosamente. E é para salvar a honra e a santidade de Deus, do Deus Altíssimo, que eles rejeitam Jesus, por ser tão cá de baixo, por ter uma família como nós, por trabalhar como nós, por ser demasiado semelhante a nós!

5. Amados irmãos e irmãs, caríssimo Eleito, os judeus fiéis não sabiam, mas nós sabemos bem que Deus não anda lá muito acima das nossas cabeças, mas enviou o seu Filho ao nosso mundo, nascido de uma mulher (Gálatas 4,4), um de nós, que veio habitar no meio de nós (João 1,10-11).

6. S. Paulo, fidelíssimo judeu, de quem hoje ouvimos uma lição (2 Coríntios 12,7-10) também não sabia, e defendeu com todas as suas forças a honra do Deus Altíssimo contra a jovem “seita” de cristãos, que anunciavam que Deus tinha descido ao nosso mundo para viver no meio de nós! E é também para salvar a honra e a santidade do Deus Altíssimo que Paulo perseguiu energicamente a nova “seita” dos cristãos. Não conseguiu os seus intentos, porque foi literalmente rasteirado por Jesus, sinal de que Deus anda mesmo cá por baixo, nos nossos caminhos, também no caminho de Damasco, e Paulo, assim rasteirado, caiu de si abaixo, e foi forçado a compreender que, de facto, Deus pode muito bem andar também cá por baixo, pelos nossos caminhos enlameados, no meio das nossas dores e alegrias, no meio das nossas pandemias!

7. Paulo é fraco. Ezequiel é fraco. O João é fraco. Nós somos fracos. E não temos medo nem vergonha, porque «Deus é forte», que é o significado do nome que ostenta Ezequiel. E todos os dias diz a cada um de nós: «Basta-te a minha graça, porque Eu estou contigo!». E todos temos de aprender a dizer com Paulo e Ezequiel: «Quando eu sou fraco, então é que sou forte!» (2 Cor 12,10).

8. Amados irmãos e irmãs, caríssimo Eleito. João é o seu nome. E significa: «Deus faz graça». Basta-te a minha graça. Vive assim, meu irmão João, fazendo graça, deixando Deus fazer graça! Vive com amor, estremecimento, espanto, e emoção os sacramentos que pela graça de Deus realizarás, sobretudo a Eucaristia e a Reconciliação. Sabe sempre que Deus anda contigo no teu caminho. Debruça-te sobre as chagas do povo santo de Deus. Como Jesus, «torna-te em tudo semelhante aos teus irmãos, para poderes ser um sacerdote misericordioso e fiel nas coisas para com Deus» (Hebreus 2,17). Como diz o Pontifical Romano, «Recebe a oferenda do povo santo para a apresentares a Deus. Toma consciência do que virás a fazer; imita o que virás a realizar, e conforma a tua vida com o mistério da cruz do Senhor». Ámen.

 

Lamego, 4 de julho de 2021,
Dia do Senhor e da Ordenação Sacerdotal do João

+ António, vosso bispo e irmão

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