Diálogos. Na beleza das obras contemplamos a beleza do criador.
“Tende entre vós os mesmos sentimentos e a mesma caridade, numa só alma e num só coração. Não façais nada por rivalidade nem por vanglória; mas com humildade, considerai os outros superiores a vós mesmos, sem olhar cada um aos seus próprios interesses, mas aos interesses dos outros.” (Filp. 2, 2b-4).
Foram com estes sentimentos de S. Paulo que, o Arquivo e Museu Diocesano de Lamego, na passada sexta feira, dia 9 de julho, inaugurou a Exposição Temporária “Diálogos. Na beleza das obras contemplamos a beleza do criador”, das dioceses de Aveiro, Guarda, Lamego e Viseu. O acesso foi reservado às entidades convidadas, respeitando as regras decorrentes da pandemia, abrindo ao público no dia 10.
Nesta pequena cerimónia, estiveram presentes os Srs. Bispos de Lamego, Aveiro e Viseu, os responsáveis dos Departamentos Diocesanos dos Bens Culturais da Igreja das quatro dioceses, o Gabinete de Imagem e Comunicação de Aveiro e as seguintes entidades, a saber: ESTGL, Profa. Dra. Damiana; Comissário da PSP, Moita; Tenente Coronel do CTOE, Carlos Cordeiro; Museu de Lamego, Dra. Alexandra Falcão; Junta de Freguesia de Lamego, António Roçado; Câmara Municipal, Ângelo Moura; Ecónomo Diocesano, Cónego Manuel Leal; Párocos da Cidade, Cónego José Ferreira, Monsenhores José Guedes, Armando Ribeiro e Pe. Marcos Alvim.
Usaram da palavra o responsável do Departamento dos Bens Culturais da diocese de Lamego, Sr. Pró Vigário João Carlos Morgado, para acolher os presentes, falar do percurso de comunhão que esta exposição proporcionou entre as 4 dioceses e formular votos para que possa ser mais um serviço útil à cultura, à região e uma oportunidade de fruição para os visitantes.
O Presidente da Câmara de Lamego, Dr. Ângelo Moura, sublinhou o papel da igreja, no território das dioceses envolvidas, como promotora de cultura e pela ação pioneira na área social, manifestando a vontade do município continuar a colaborar com a Igreja.
O Bispo de Lamego, D. António Couto, falou da obra da criação como a grande exposição que é colocada diante dos nossos olhos. Salientou a palavra "criador" no título e da necessidade de redescobrir estes conceitos, hoje ausentes do vocabulário comum, para nos fazer sair do egoísmo e nos abrir ao transcendente.
O Papa Francisco, na Encíclica Laudato Si, relembra o cuidado a termos sobre a nossa Casa Comum e como dizia a Dra. Fátima Eusébio: “As obras são o exemplo de que não foram cuidadas e tratadas, tal como acontece com a natureza e a nossa Casa Comum… A Casa Comum é dos crentes e dos não crentes. Nós que consideramos que toda esta beleza inspiradora que o artista transpõe para os materiais, também ela é fruto do diálogo de Deus com o artista. Estamos a falar de obras que o artista vai buscar à natureza, transforma para depois, falar de Deus”.
Por fim, a Dra. Fátima Eusébio, responsável do Departamento dos Bens Culturais da diocese de Viseu, guiou os presentes pela exposição salientando toda a iconografia presente nas peças expostas.
Foi sob o signo da comunhão, partilha e amor que começou esta aventura em “diálogos”, que antes de o serem com as obras de arte foram com as criaturas, com os Departamentos dos Bens Culturais de cada Diocese, com outras estruturas, entidades e patrocinadores, vendo em tudo e sempre a mão de Deus que conduz o Homem, a ação do Espirito Santo que fala às Igrejas e permite caminhar pelas veredas da paz e da partilha, da gratidão e da comunhão, de sujeitos e atores de evangelização para levar mais luz, mais cor, mais arte e mais alegria a todos os que visitarem a presente exposição.
Agora fica uma dívida por saldar. A dívida do amor, e só esta. Tal como nos diz a Sagrada Escritura: “Não devais a ninguém coisa alguma a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo cumpre a lei” (Rom. 13-14). Esta é uma dívida que não queremos, nunca, acabar de saldar.
P. Filipe Pereira
O Diretor do Arquivo e Museu Diocesano de Lamego
in Voz de Lamego, ano 91/35, n.º 4617, 14 de julho de 2021