Dando resposta a uma aspiração dos paroquianos, foi feita uma remodelação significativa na Igreja de Ponte do Abade que veio também contribuir para dar mais dignidade à liturgia. Concretamente, tratou-se de deslocar o altar do lado poente para o lado nascente.
Todos sabemos da importância do altar no espaço celebrativo; ele representa Cristo, a ligação entre o humano e o divino, por isso, o primeiro gesto do sacerdote, ao chegar ao altar é a osculação. É também por essa razão que há orientações precisas para a construção de altares, que devem ser dignos e belos, ainda que sóbrios. Do mesmo modo, o ambão, lugar da Palavra, deve estar em sintonia com o altar, pois os dois representam as duas mesas: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.
Segundo uma tradição muito antiga, os primeiros cristãos rezavam voltados “ad orientem”. Tertuliano dizia que algumas pessoas acreditavam que os cristãos adoravam o sol por causa do seu costume de rezarem voltados para oriente (região do sol nascente). De facto, para nós, cristãos, Cristo é o Verdadeiro Sol, Aquele que ilumina as nossas vidas.
Não é de estranhar, portanto, que as nossas igrejas tenham o altar voltado para nascente. Neste caso concreto, a igreja de Ponte do Abade, construída nos anos oitenta, ao estilo moderno, mais semelhante a um salão, tinha o altar voltado na direção oposta, com o inconveniente de a porta de entrada se situar perto do altar, e assim, quem entrasse um pouco atrasado, sentia os olhares reprovadores de toda a comunidade que a encarava de frente.
Logo que foi possível juntar uns “euritos”, ouvida a Comissão Diocesana de arte sacra, e aproveitando o dinamismo da nova Comissão da Igreja, lançamos mãos à obra. Pediram-se orçamentos e os trabalhos foram entregues a um empreiteiro da terra.
O acompanhamento das obras foi feito pelo Eng.º Tiago Lopes, que também ofereceu o projeto. Aproveitou-se a oportunidade para requalificar o espaço, dando-lhe um ambiente mais litúrgico e para fazer outros ajustamentos, a saber: criar um espaço para velar os defuntos, deslocar a pia batismal para um lugar mais adequado, abrir uma nova porta lateral, melhorar a iluminação e o som, etc..
Apesar da ajuda de muitos paroquianos, da Autarquia de Sernancelhe, da colaboração da União de freguesias de Gradiz e Sequeiros, Sernancelhe e Sarzeda, ainda precisamos de mais algum apoio para a conclusão dos trabalhos. No entanto, e graças a Deus, passado quase um ano, durante o qual nos reuníamos no salão da associação abadense, gentilmente cedido pelos responsáveis, já retomamos as celebrações na nossa igreja, de que sentíamos muitas saudades. Agradecemos a colaboração de todos, mesmo dos que contribuíram de forma anónima.
Pe. Aniceto Morgado, in Voz de Lamego, ano 91/41, n.º 4623, 8 de setembro de 2021