Na quinta-feira santa, no Seminário de Lamego, o Pe. Adriano Cardoso, que este ano celebra as Bodas de Ouro Sacerdotais, ofereceu a cada padre um conjunto de três livros, com as homilias (ou pistas de reflexão) para os Domingos e dias santos dos três ciclos de leituras, ano A, B e C. Estes textos foram escritos e publicados ao longo dos últimos três anos anteriores, no Facebook, e foram agora coligidos em livro, com os respetivos ajustes, introdução, apresentação de cada um dos evangelistas que predomina em cada ciclo litúrgico.
Transcrevemos a Apresentação desta obra feita pelo autor:
1- As comunidades cristãs, na liturgia, celebram o mistério da salvação, ano após ano.
No centro desse mistério está Cristo. A Eucaristia é, já de si, memória perene desse mistério que irradia luz sobre toda a vida de Cristo e nos leva ao reconhecimento na fé que Jesus é o Senhor, isto é, Deus.
As celebrações não recordam, mas atualizam a ação divina na comunidade que se reúne. O Senhor prometeu estar com os que se reúnem em seu nome. A palavra Igreja, na sua origem, significa assembleia. Ler, proclamar, celebrar a Palavra de Deus, torna-se percurso e alcança-nos uma «maior compreensão» do mistério de Deus, que se revela em Cristo e se renova, pelo Espírito Santo, na Igreja (Assembleia).
2 - Na reforma litúrgica, encetada com o Vaticano II, tornou-se evidente a preocupação de proporcionar aos fiéis um conhecimento e convívio com a Palavra de Deus, a começar pelas celebrações litúrgicas. Em sequências trienais, destacam-se os anos litúrgicos, através das primeiras letras do alfabeto: A, B, C. A cada ano está associada a leitura de um dos três evangelistas sinóticos.
A - Mateus; B - Marcos; C - Lucas. Com os textos bíblicos do Antigo e Novo Testamentos, os lecionários fornecem-nos uma proposta alargada de reflexão e oração. O missal completa e unifica esses textos, numa batismal, pressupõe um caminho participativo de comunhão fraterna.
4 - As reflexões da presente coletânea foram homília, ao longo dos três últimos anos, com uma liberdade verbal explicativa (catequética e vivencial), com ligeiras adaptações, às diferentes comunidades de Penude. Procurou-se centrar a reflexão nos textos proclamados, nos cânticos litúrgicos, nas orações (coleta, oblatas, pós-comunhão) e nas necessidades da comunidade, numa unidade de sentido. O ritmo é o litúrgico da celebração anual dos mistérios da fé cristã. Não podem esperar textos de esmerada escrita ou conteúdos demasiado profundos. Têm um objetivo essencialmente pastoral, orientados para a vida numa perspetiva positiva de esperança. Serão essencialmente um convite à reflexão e à oração ao Deus da fé que a comunidade celebra festivamente na «reunião» semanal da eucaristia. Longe está qualquer preocupação de carregar o discurso com uma proliferação de citações dos textos.
No início da reflexão são apresentadas as referências dos textos proclamados na liturgia. Para quem vai ler é fundamental começar pela leitura desses textos bíblicos
5 - Ao completar os 50 anos de presidência à assembleia (igreja) eucarística, repartidos em partes iguais, nas comunidades de S. Pedro de Castro Daire, durante alguns anos, em simultâneo com a de S. Pedro de Ester e S. João de Pinheiro e, finalmente em S. Pedro de Penude, quero agradecer ao Senhor o me ter dado a graça de com elas ter caminhado, no meio de muitas alegrias e na superação de alguns «espinhos», mantendo viva a alegria da entrega-dádiva que,
com os meus condiscípulos, o dia oito de dezembro de 1972, Dia da Imaculada Conceição, instaurou no meu viver. A Maria, Mãe do Divino Salvador e nossa Mãe, a gratidão do colo e do mimo que tantos de vós me prodigalizaram.
6 - Uma palavra de gratidão à minha família de sangue, que, materialmente, nunca esperou nada e mim e me fortaleceu com o reconhecimento de se alegrar com a minha entrega comprometida e gratuita às diferentes comunidades.
in Voz de Lamego, ano 92/23, n.º 4654, 20 de abril de 2022