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Peregrinação de Junho à Senhora da Lapa

No dia 10 de junho, o Santuário da Lapa viveu uma das suas peregrinações anuais, com muitos peregrinos, vindos de toda a diocese, mas sobretudo da zona pastoral de Sernancelhe e dos concelhos vizinhos de Moimenta da Beira, Vila Nova de Paiva e Castro Daire, com a presença das comunidades identificadas pelas bandeiras e cruzes paroquiais. Presidiu à Peregrinação D. António Couto, Bispo de Lamego.

Aos poucos, vamos controlando e contornando os efeitos mais nefastos que a pandemia nos trouxe nos dois últimos anos. Isso mesmo permite-nos voltar a realizar um conjunto de atividades e acontecimentos a que estávamos habituados, e dos quais já sentíamos falta. A Igreja, e a vida pastoral da mesma, não foi exceção. Reinventamos alguns procedimentos, reajustamos algumas formas celebrativas, suspendemos algumas tradições, tudo para que a segurança das pessoas e a saúde pública fossem garantidas. Mas agora, a denominada “normalidade” também está de regresso à vida da Igreja.
No passado dia 10 de junho, tivemos uma prova evidente desse regresso. Volvidos dois anos de interrupção, voltou a acontecer, no Santuário da Lapa, na Zona Pastoral de Sernancelhe, a tradicional peregrinação de junho. Tudo aconteceu à semelhança do tempo pré-pandémico.Desde a tarde do dia 1 de junho até à manhã do dia 9, decorreu a novena à Senhora da Lapa, no formato de anos anteriores, cujo programa diário se compunha dos seguintes momentos: Missa matinal, às 8h00; Missa cantada e com sermão, às 10h00; Novena (pregação e bênção do Santíssimo), às 16h00; Terço às 21h00.
[A pregação da novena preparatória esteve a cargo do Pe. Diamantino Alvaíde, pároco de Moimenta da Beira e de Cabaços e Coordenador Pastoral Diocesano].Durante estes nove dias houve ainda uma manhã de confissões e ofício de defuntos. Assim como um tríduo eucarístico. Durante todos estes dias, ali se mantiveram um grupo de peregrinos residentes e um número bastante significativo de outros peregrinos que, das diferentes terras da região, todos os dias ali acorreram para a vivência da novena. Diariamente, a igreja do Santuário da Lapa se enchia para fazer esta peregrinação interior com Nossa Senhora da Lapa.

O dia 10 como que coroa a novena. Este ano voltou a ser possível a presença das paróquias da diocese, que tradicionalmente ali peregrinam nesse dia, com as suas bandeiras e cruzes paroquiais. Identificadas com essas insígnias, pudemos contar a presença de 32 comunidades.
O dia começou com a concentração das pessoas de cada paróquia, junto à rotunda do miradouro. Cada pároco, com as suas comunidades, fez o “levantamento da procissão”, rumo ao Santuário. Pelas 11h00, com todas as bandeiras e cruzes perfiladas, deu-se início à procissão de Nossa Senhora, presidida pelo nosso bispo, D. António Couto, em direção ao recinto da Missa Campal. Aí se iniciou a celebração da Eucaristia, às 11h30. O calor forte daquele fim de manhã não impediu que ali se aglomerassem centenas de pessoas para tomar parte na celebração. A paisagem humana era reflexo da forte devoção dos filhos à Mãe do Céu, que invocam como Senhora da Lapa, e da vontade profunda de voltar à celebração habitual dos mistérios da fé.

Na homilia, o Sr. Bispo, partindo da Palavra de Deus, sublinhou como Deus colocou diante de Moisés e diante de nós, dois caminhos, o caminho da vida e o caminho da morte. Vamos vendo que, nos parlamentos, se escolhe o caminho da morte. É esse também o caminho militar. As guerras já mataram, ao longo do tempo, 3 biliões e 800 milhões de pessoas. Este é o caminho da morte, quando nos afastamos de Deus e dos Seus mandamentos. Com efeito, bastavam os Dez Mandamentos e as 620 palavras que no-los apresentam, para vivermos o caminho da vida, na opção pela paz, concórdia, justiça e fraternidade. O Anjo do Senhor, e neste dia nós celebramos o Anjo de Portugal, comunica as palavras de Deus para que nenhuma palavra fique perdida. “Escolhe a vida. Escolhe a vida. Escolhe a vida”. Este foi um grito, que desafia e interpela e que D. António deixou aos peregrinos da Senhora da Lapa, Mãe de Deus e Mãe nossa, que acolheu a vida, a ternura, cuidando de Jesus e procurando cumprir a vontade e os mandamentos do Senhor Deus.

A peregrinação termina com o regresso, em procissão, de Nossa Senhora à sua capelinha.


Pe. Diamantino Alvaíde, in Voz de Lamego, ano 92/31, n.º 4662, 15 de junho de 2022

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