Novo livro do Pe. Justino: Rostos nespereirenses

Novo livro do Pe. José Justino Lopes, no 25.º aniversário da elevação de Nespereira a Vila. Ordenado sacerdote em 1968, foi pároco de Nespereira durante 18 anos, de 1968 a 1986, sendo depois nomeado pároco de Vila Nova de Paiva e Fráguas. Atualmente, além destas duas, é também pároco de Alhais. Fundou dois boletins, “O Nespereirense” e “Luz da Montanha”, dirigindo-os durante quinze anos cada um. Através destes boletins, alguns dos rostos foram sendo conhecidos e preservados na memória.

Com o livro anterior – Estrelas no meu caminho –, o Pe. Justino apresentou, avivou a memória, coligiu textos e rostos de sacerdotes ligados às paróquias de Touro, Alhais, Vila Nova de Paiva, Vila Cova à Coelheira, Queiriga, naturais dessas terras ou entranhados nelas como párocos, além de outros padres amigos e, claro, dos Bispos, a começar por D. Alberto Cosme do Amaral, natural do Touro, e continuando com D. Américo Henriques, Bispo Mariano, Bispo Mártir, Bispo Missionário; D. António Castro Xavier Monteiro; D. António José Rafael. “Estrelas no meu caminho” conclui-se “com as Bodas de Ouro sacerdotais do Padre Justino com uma breve autobiografia, que é também um testamento sacerdotal”.

Também a Voz de Lamego tem usufruído do contributo prestimoso do Pe. Justino, que tem permitido conhecer melhor alguns dos padres que já partiram para a eternidade. Felizmente, temos algumas monografias que fixam para a história, desafiando-nos na atualidade, rostos e personalidades, de padres e bispos, como o contributo incontornável do Pe. Manuel Gonçalves da Costa: Seminário e Seminaristas… História do Bispado de Lamego… Paróquias Beiraltinas – Penude e Magueija. Outro livro recente, de Paulo Ribeiro, “Religiosos e Sacerdotes de Magueija”. Deste outono, também o livro sobre D. António de Castro Xavier Monteiro, do Pe. João Carlos, cinquenta anos depois da sua entrada em Lamego. São alguns dos exemplos que sublinham as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias de comunidades, com os seus pastores e outras personalidades que fizeram desses povos o que são hoje. Ao mesmo tempo podem ser incentivo a que outras obras surgem, sobre os caminhos das nossas paróquias e da nossa diocese, expressos em rostos, como memória agradecida e desafio à resiliência para manter, renovar e recriar tradições, compromissos, para fomentar vida em abundância.

Na primeira parte deste novo livro, o Pe. Justino apresenta-nos os rostos dos sacerdotes ligados a Nespereira, começando com o Abade Tomé, pároco desde 1880. Párocos e sacerdotes naturais de Nespereira. Esta primeira parte, termina com resenhas biográficas de irmãs religiosas e/ou missionárias, e com as irmãs do abade José Pinto de Almeida, antecessor do autor na paróquia. Na divisão do livro, um álbum fotográfico do património religioso de Nespereira. Na segunda parte, outros rostos, pessoas que deixaram marcas profundas na comunidade de Nespereira mas também no pároco, Pe. Justino Lopes.

Refira-se ainda, em relação aos sacerdotes, que as suas biografias e lides pastorais abarcam outras paróquias, como é o caso do Pe. Manuel Maria de Lacerda e Vasconcelos, que começou por ser pároco de Piães e, a partir de 1929, pároco de Tabuaço, até 1951, quando as forças lhe começaram a faltar, regressando a Nespereira, onde viria a falecer a 12 de fevereiro de 1963. Outro rosto muito conhecido: o Padre Vieira da Lapa (Manuel Vieira dos Santos). Natural de Nespereira, que se apresenta, ao começar a colaborar com o “Nespereirense”, em 1972, dizendo que começou por ser “desterrado” para a Mêda, como coadjutor do Pe. Vitorino, que antes tinha sido pároco de Penude, e depois “enterrado” em Lamosa, na Serra da Lapa, donde nunca mais saiu. “Já houve quem me dissesse que eu amaldiçoei a minha terra de Nespereira, mas não: ou não tenho sorte ou não caí em graça…”.

A Voz de Lamego felicita o nosso colaborador, Pe. Justino Lopes, por mais esta belíssima obra, servida aos nespereirenses, mas também à Diocese de Lamego, com muitos rostos que fizeram história e caminharam, entre o povo, sendo povo que caminha. Por outro lado, a Voz de Lamego revela-se, também nesta obra, como uma fonte importante para avivar a história e a vida das paróquias e da diocese e dos rostos que a(s) compõem.
À laia de corolário, o autor fala-nos dos seus intentos: “As dezenas de rostos que evoquei e descrevi a traços largos resultam o meu testemunho pessoal, em virtude da vivência que logrei com homens e mulheres de que eles são uma alma visível, e do testemunho de pessoas que privaram com eles e cujas sagas me contaram. São rostos moldados pelo sentir humano e cristão”.

 


in Voz de Lamego, ano 93/07, n.º 4686, 21 de dezembro de 2022

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